Google enfrenta um desafio cada vez maior em conter a proliferação de imagens íntimas não consensuais em seus resultados de pesquisa
Nos últimos anos, a gigante da tecnologia vem trabalhando para melhorar seus procedimentos de remoção de conteúdo íntimo não autorizado, mas ainda há muito a ser feito para proteger as vítimas desse tipo de abuso. Apesar de recentes avanços, a empresa ainda não implementou soluções mais eficazes sugeridas por especialistas e vítimas, deixando milhares de pessoas expostas a um trauma constante.
Principais Destaques:
• Apesar de avanços, a Google ainda não consegue conter a rápida disseminação de imagens íntimas não consensuais em seus resultados de pesquisa.
• Vítimas de esquemas como o da GirlsDoPorn apresentaram diversas sugestões à empresa, como o uso de hashes para bloquear conteúdo, mas a maioria das propostas não foi adotada.
• A Google alega que existem desafios técnicos e legais para implementar certas soluções, mas especialistas criticam a falta de empenho da empresa em resolver esse problema.
Reunião com vítimas da GirlsDoPorn
Em 2022, representantes da política da Google se reuniram com um grupo de mulheres vítimas de um golpe que resultou na circulação online de vídeos íntimos delas, inclusive nos resultados da pesquisa da Google. As mulheres apresentaram várias ideias de como a empresa poderia manter esses clipes criminosos e degradantes melhor escondidos, como banir sites dedicados à GirlsDoPorn e bloquear vídeos com sua marca d’água.
No entanto, a advogada das vítimas saiu da reunião com dúvidas, pois a equipe da Google não tinha autoridade para promover mudanças significativas dentro da empresa. De fato, nenhuma das sugestões apresentadas na reunião foi implementada até o momento, e os vídeos continuam aparecendo nos resultados de pesquisa.
Frustrações de ex-funcionários e defensores
Fontes ouvidas pela WIRED, incluindo ex-funcionários da Google e defensores de vítimas, afirmam que, apesar de reconhecerem as melhorias recentes da empresa, estão frustrados com a falta de aprovação de propostas que poderiam proteger melhor a privacidade de milhões de vítimas.
Eles criticam a recusa da Google em adotar ferramentas como o StopNCII, que compartilha informações sobre conteúdo íntimo não consensual, e a falta de exigência de que sites pornográficos comprovem o consentimento para obter tráfego de pesquisa.
Comparação com o combate ao abuso sexual infantil
Os defensores apontam que a Google tem sido muito mais rigorosa no combate ao material de abuso sexual infantil (CSAM), bloqueando quase 1 milhão de novas páginas web com esse conteúdo por ano. Eles questionam por que a empresa não aplica o mesmo nível de empenho no combate ao conteúdo íntimo não consensual, que também é ilegal em quase todo o mundo.
A Google alega que a remoção de CSAM é mais simples, pois praticamente qualquer imagem de uma criança nua é ilegal e pode ser removida automaticamente. Já no caso de conteúdo íntimo não consensual de adultos, é necessária uma análise humana para determinar se houve ou não permissão.
Melhorias recentes, mas insuficientes
Nos últimos anos, a Google tem feito alguns progressos, como tornar o formulário de remoção mais amigável e aumentar o número de pedidos atendidos. No entanto, especialistas afirmam que essas melhorias vêm com ressalvas e que a empresa ainda não faz o suficiente.
Por exemplo, o sistema de remoção automática de conteúdo denunciado anteriormente não funciona em vídeos ou imagens alteradas. Além disso, a Google ainda não adotou propostas como a criação de um programa prioritário para denúncias de conteúdo íntimo não consensual, algo que poderia ajudar a identificar e remover rapidamente casos relevantes.
Desafios técnicos e de política
A Google alega que existem desafios técnicos e legais para implementar certas soluções, como o uso de hashes para bloquear vídeos. Além disso, a empresa afirma que não quer ser vista como “reguladora da internet” ao definir regras sobre conteúdo sexual.
No entanto, defensores argumentam que, como a Google envia uma grande quantidade de tráfego para sites explícitos, ela poderia forçá-los a adotar medidas mais rigorosas de verificação de consentimento. Isso ajudaria a conter o problema, já que poucos outros players da indústria têm tomado ações significativas nesse sentido.
Importância da responsabilidade da Google
Para as vítimas, remover conteúdo dos resultados de pesquisa da Google é muitas vezes a estratégia mais prática, pois evita que amigos, empregadores e outros tenham acesso a esse material degradante. Portanto, especialistas afirmam que a Google precisa assumir mais responsabilidade e ser mais proativa na proteção dessas pessoas.
Apesar de reconhecerem os esforços da empresa, defensores acreditam que a Google ainda não está fazendo o suficiente, e que soluções mais eficazes sugeridas por eles deveriam ser implementadas com urgência.
Conclusão
O desafio de conter a proliferação de imagens íntimas não consensuais nos resultados de pesquisa da Google é complexo e multifacetado. Embora a empresa tenha feito progressos, especialistas e vítimas concordam que muito mais pode e deve ser feito para proteger a privacidade e a dignidade daqueles que sofrem esse tipo de abuso.
A Google precisa demonstrar um compromisso ainda maior em resolver esse problema, adotando propostas concretas sugeridas pela comunidade e assumindo uma postura mais proativa e responsável. Somente assim será possível mitigar os danos causados e restituir a segurança e a tranquilidade das vítimas.