Jogos Chineses Enfrentam Controvérsia de Streaming após Pedirem aos Criadores que Evitem Política
O lançamento recente do jogo de ação e RPG “Black Myth: Wukong” gerou uma onda de controvérsia no mundo dos streamers. O estúdio chinês Game Science, que desenvolveu o jogo, pediu a alguns criadores de conteúdo que evitassem abordar tópicos como política, feminismo e até mesmo a pandemia de COVID-19 em seus vídeos de gameplay. No entanto, essa tentativa de controlar o discurso online sobre o jogo acabou tendo o efeito contrário, provocando uma reação da comunidade.
Restrições aos Criadores de Conteúdo
Antes do lançamento de “Black Myth: Wukong”, alguns streamers receberam códigos de acesso antecipado ao jogo, juntamente com algumas diretrizes a serem seguidas. De acordo com capturas de tela divulgadas online, os criadores foram orientados a não incluir conteúdo relacionado a política, violência, nudez, “propaganda feminista”, fetichismo e outras temáticas que pudessem gerar “discurso negativo”. Além disso, eles foram solicitados a não utilizar palavras-chave como “quarentena”, “isolamento” ou “COVID-19”.
Reação da Comunidade
Essas restrições não foram impostas a todos os veículos de imprensa que receberam o jogo para análise, como a Polygon e a Kotaku. No entanto, a atitude do estúdio chinês acabou provocando uma reação contrária da comunidade de streamers. Até mesmo aqueles que não receberam nenhuma orientação prévia optaram por discutir exatamente os tópicos que a Game Science queria evitar, como política, feminismo e a pandemia. Isso demonstra uma postura de rejeição às tentativas de controlar o discurso online sobre o jogo.
Problemas de Sexismo na Empresa
A controvérsia em torno de “Black Myth: Wukong” também levantou questionamentos sobre a cultura interna da Game Science. Um relatório da IGN revelou uma história de comentários sexistas e inapropriados feitos por funcionários e acionistas da empresa. O cofundador Yang Qi, por exemplo, afirmou que “jogos feitos para mulheres e homens são completamente diferentes, devido a suas diferenças biológicas”.
Impacto na Imagem da Empresa
As tentativas da Game Science de restringir o debate sobre temas como feminismo e política acabaram tendo o efeito contrário. Em vez de evitar a discussão desses tópicos, as diretrizes impostas aos streamers acabaram atraindo ainda mais atenção para a cultura de sexismo presente na empresa. Segundo a pesquisadora Rui Zhong, ninguém iria abordar questões políticas da China espontaneamente, mas elas se tornaram o centro das atenções assim que as diretrizes foram divulgadas.
Lições Aprendidas
O caso de “Black Myth: Wukong” serve como um exemplo de como a tentativa de controlar o discurso online pode acabar gerando o efeito oposto. Ao invés de tentar silenciar os tópicos controversos, as empresas devem deixar que seus produtos falem por si mesmos e confiar na capacidade da comunidade de discutir abertamente sobre eles. Essa abordagem mais transparente e confiante pode ajudar a evitar que pequenos problemas se transformem em grandes controvérsias.
Conclusão
O lançamento de “Black Myth: Wukong” destacou os desafios enfrentados pelos jogos chineses no cenário internacional. A tentativa da Game Science de controlar o discurso online sobre o jogo acabou atraindo ainda mais atenção para os problemas de sexismo presentes na empresa. Essa experiência serve como um lembrete de que as empresas devem confiar no poder da comunidade de gamers e evitar interferir excessivamente no diálogo online sobre seus produtos.
Principais Destaques
- Controvérsia com streamers: O estúdio chinês Game Science pediu a alguns criadores de conteúdo que evitassem abordar tópicos como política, feminismo e COVID-19 em seus vídeos de gameplay, o que acabou provocando uma reação contrária da comunidade.
- Problemas de sexismo na empresa: Um relatório revelou uma história de comentários sexistas e inapropriados feitos por funcionários e acionistas da Game Science, destacando a cultura interna da empresa.
- Impacto na imagem da empresa: As tentativas da Game Science de restringir o debate sobre temas controversos acabaram atraindo ainda mais atenção para a sua cultura de sexismo, servindo como um exemplo de como o controle do discurso online pode gerar o efeito oposto.
